quarta-feira, 8 de junho de 2011

Trabalho na modernidade: origens históricas

Na modernidade, a palavra “trabalho” está associada a atividades desempenhadas na esfera pública (iesto é, fora de casa), definida pelos outros como útil e passível de remuneração. Atividades realizadas para proveito próprio ou em esfera privada deixaram de ser consideradas trabalho e, consequentemente, foram relegadas a um status inferior.

Da antiguidade até o início da modernidade, o trabalho era associado à esfera privada. Era o conjunto de atividades realizadas com fins de prover a subsistência do indivíduo. As ocupações econômicas eram exercidas como um modo de vida, imiscuído no seio familiar e regulado por valores e costumes. Mais do que trabalhar, o individuo produzia, e seu produto tinha mais do que uma razão puramente econômica. Era provedora de identidade, influenciando até mesmo os sobrenomes das famílias (por exemplo, o sobrenome Smith, que vem do inglês "ferreiro", provavelmente atribuído às famílias que, à época, tinham essa ocupação). Até o fim do século XVIII, as relações de produção e comércio eram regulados de forma a manter o sistema estável e funcional.

A racionalização econômica do trabalho, tornada possível a partir da contabilização racional do valor monetário do trabalho, cria um efeito absolutamente pernicioso. O "espírito" do homem rural, para o qual a maximização de ganhos faz menos sentido que a satisfação das necessidades, se mostra destoante do espírito capitalista. O trabalhador dessa época quer trabalhar o mínimo para sobreviver, mantendo tempo livre para a convivência com familiares. A fim de superar esse impasse, os donos dos meios de produção pagam salários cada vez menores, forçando os trabalhadores e extensas jornadas de trabalho para conseguir garantir sua sobrevivência.

A conseqüência desse fenômeno marca a modernidade: qualquer sentido que o trabalho tinha quando era realizado artesanalmente, por meio de técnicas ancestrais e intuitivas, se perde. O trabalho se torna um simples meio, cujo fim é o dinheiro a ser utilizado para a compra do produto do trabalho de outros. O produtor não consome o que produz, e o consumidor não produz o que consome. Ambos, produção e consumo, se tornam atividades alienadas e sem sentido.

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